RESULTADOS DA I CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - 7 a 10 de
outubro de 1997- Brasília-DF
TERMO DE
COOPERAÇÃO MMA/MEC
A PREOCUPAÇÃO COM A EDUCAÇÃO
AMBIENTAL MOBILIZA O PAÍS E APONTA CAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA
MENTALIDADE AMBIENTAL
A educação ambiental e seus
conceitos
A educação ambiental é um processo contínuo e permanente
que ajuda o ser humano a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas
ambientais e a desenvolver o censo crítico e as habilidades necessárias para
resolver esses problemas. De um modo amplo, os princípios que orientam a
prática da educação ambiental buscam a construção de cidadãos ativos,
conscientes e atuantes, por meio de um projeto comum de uma nova forma de vida,
em um modelo de desenvolvimento sustentável, à partir de um debate democrático
que vai construindo uma sociedade solidária e responsável.
A concepção da pedagogia de Paulo Freire define a vida como
a raiz do mundo, entendida na sua totalidade, num complexo de relações
interdependentes. A educação ambiental nesse contexto traduz-se de forma ainda
mais complexa, considerando o conjunto de crises globais que caracterizam o
momento histórico atual.
O mais ambicioso
propósito da educação ambiental é no que diz respeito ao aspecto político, moral e ético, por estar
promovendo modificações nas atitudes de responsabilidades pela natureza humana
e biofísica, envolvendo a solidariedade, a busca da eqüidade social e o comportamento cooperativo das
relações humanas, que caminham para
a solução da crise ambiental.
O Governo Federal busca na educação,
soluções para os problemas ambientais
A preocupação com a problemática ambiental no Brasil tem
levado o Estado e vários segmentos da sociedade a buscarem parcerias no sentido
da sensibilização e mobilização de segmentos sociais para o enfrentamento dos
impactos socioambientais. Diante deste desafio o Governo Federal vem procurando
formular e executar Políticas Públicas, que permitam o exercício da competência
institucional, fundamentada nas necessidades e demandas sociais, buscando
promover condições para que esses diferentes segmentos disponham de
instrumental para participarem na formulação de Políticas para o meio ambiente.
Com esse propósito, em dezembro de 1996, foi assinado o
Protocolo de Intenções entre o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal e o Ministério da Educação e do Desporto,
objetivando a cooperação técnica e institucional na área de educação ambiental.
Fazendo cumprir os preceitos concebidos no Programa
Nacional de Educação Ambiental- PRONEA, atendendo a recomendação de realizar
conferências nacionais sobre educação ambiental, realizou-se a I Conferência
Nacional de Educação Ambiental.
A relevância da realização da I Conferência Nacional de
Educação Ambiental, de 07 a 10 de outubro de 1997, em Brasília-DF, coloca-se no
momento de avaliação dos 20 anos de Tbilisi, no contexto do Brasil.
A I CNEA foi realizada pelo Ministério do Meio Ambiente,
dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e pelo Ministério da Educação e do
Desporto com a parceria dos Ministérios da Cultura e da Ciência e Tecnologia
(signatários do PRONEA), e ainda do GDF, IBAMA, DNOCS, CODEVASF, JBRJ, IPHAN,
UnB, UNESCO e PNUMA, e a coparticipação do IV Fórum de Educação Ambiental/Rede
Brasileira de Educação Ambiental. Contou com 2.568 participantes; desse total,
56%, oriundos de instituições governamentais, e 44%, da sociedade civil.
Os resultados da I CNEA
Personalidades
nacionais e internacionais, que participaram de 6 conferências magistrais e 20
mesas redondas, transmitiram ao público participante seus conhecimentos e
experiências. Foram apresentados 413 projetos na forma de painéis, além de
exposições extras nos 24 estandes que estiveram distribuídos no saguão do
Centro de Convenções de Brasília, durante todo o evento.
Lançamentos literários
nacionais e internacionais, no total de 13 e ainda lançamentos de CD Room's e
vídeos, enriqueceram os trabalhos da I CNEA. A Companhia de Água e Esgotos de
Brasília disponibilizou um cinema itinerante, onde foram apresentados 23 vídeos
de educação ambiental.
Os trabalhos ainda
foram permeados por 28 manifestações artísticas e culturais, marcando momentos
de confraternização e sensibilização durante o evento.
Convidados da América
Latina, Caribe e Península Ibérica(México, Equador, Uruguai, Paraguai,
Argentina, Cuba, Espanha, Itália e França), envolvidos com a educação
ambiental, estiveram presentes como observadores internacionais trazendo suas
contribuições e levando o resultado do nosso projeto que visa a superação dos
diversos conflitos de interesses, na defesa do legítimo direito de usufruirmos do
mundo que herdamos.
Paralelamente, o
processo de organização e preparação da I CNEA gerou uma profunda discussão
sobre educação ambiental nos Estados, propiciando espaços de encontros entre
instituições governamentais e não governamentais que desenvolvem ações na área.
Como estratégia, para
uma ampla participação e representatividade, optou-se pela formação de grupos
de representantes estaduais, do governo e da sociedade civil organizada, para
discutir questões e indicar a direção para uma melhoria qualitativa na área da
educação ambiental no Brasil entre outros aspectos.
A construção coletiva,
o aprofundamento das reflexões, a indicação de caminhos para educação ambiental
no Brasil, conjuntamente com os resultados do levantamento nacional de projetos
de educação ambiental permitiram identificar o estado-da-arte das práticas de
educação ambiental existentes.
Desta forma, possibilitou-se a elaboração de um marco de
referências teórico-prático da educação ambiental num processo de modernização
educativa. Deu-se um debate de
construção crítica para a compreensão de circunstâncias que favoreçam as ações
da educação ambiental no Brasil, respeitando a pluralidade e a diversidade
cultural do nosso país.
Essa construção
coletiva, que tem o propósito de subsidiar o Governo Federal na definição das
diretrizes e estratégias políticas da educação no país, objetivo da I
Conferência Nacional, está refletida no seu documento final.
A preocupação das educadoras e
educadores brasileiros
O desenvolvimento dos trabalhos dos relatores durante o
processo de discussão e construção desse documento final, “Declaração de
Brasília para a Educação Ambiental” ocorreu com a consolidação dos relatórios
regionais, que subsidiou a elaboração de uma síntese de caráter nacional,
organizada segundo os temas da I CNEA, respeitado o conteúdo dos documentos
regionais, segundo duas vertentes:
I) o levantamento dos problemas, expressando um diagnóstico
da situação da educação ambiental no país;
II) as recomendações para educação ambiental no Brasil,
visando a melhoria qualitativa dos processos de educação ambiental, ao mesmo
tempo que fornecem subsídios para decisões políticas na área.
De uma forma ampla, este documento reflete a preocupação
das educadoras e educadores ambientais brasileiros com os problemas gerados
pela degradação ambiental no nosso país, e o compromisso desses profissionais
ao apontar posturas e ações que buscam a solução ou o tratamento dessas
questões que venha a superar ou a minimizar tal problemática.
Como exemplos de recomendações a serem tomadas pela
educação ambiental identifica-se a proposta para a implementação de política
agrícola, que contemple a agricultura familiar, valorize o homem do campo,
promova a educação ambiental, evite o êxodo rural e desenvolva projetos alternativos
para as populações de baixa renda; a promoção de uma imediata e profunda
discussão nacional em relação à ética, incluindo-a nas questões econômicas,
políticas, sociais, de gênero, consumo, exclusão social, trabalho, que
possibilitem um posicionamento da sociedade brasileira frente aos desafios do
desenvolvimento sustentável e ainda, promover a integração e participação da
comunidade na gestão das unidades de conservação, como aprendizado e exercício
da cidadania.
Para a educação formal a maioria dos GT considerou dentre
outras, as seguintes prioridades:
·
propiciar a estruturação de novos currículos, nos três
níveis de ensino que contemplem a temática ambiental de forma interdisciplinar,
incorporem a perspectiva dos diversos saberes, e valorizem as diferentes
perspectivas e pontos de vista, procurando a elaboração de novas perspectivas
criativas e participativas para a solução dos problemas ambientais;
·
criar um programa interinstitucional de formação continuada
entre o Ministério do Meio Ambiente/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - MMA/IBAMA e Ministério da Educação e do Desporto
- MEC para técnicos e educadores que elaboram e executam projetos de educação
ambiental, utilizando-se de mecanismos presenciais e à distância; e
·
Incluir a educação ambiental, como princípio fundamental da
LDB, garantindo o financiamento da educação ambiental formal.
As questões relativas a uma política de incentivo ao
ecoturismo; de fortalecimento através de ampla participação da sociedade na
organização dos Comitês de Bacias Hidrográficas, para o manejo integrado dos
recursos hídricos; e projetos de incentivos às empresas que apresentam
desempenhos ambientais corretos e ações de educação ambiental; fazem parte
também do conjunto de sugestões que clamam por uma urgente definição e
implementação de uma política nacional de educação ambiental.
A educação torna-se fator fundamental para a promoção do
desenvolvimento sustentável e de uma efetiva participação pública na tomada de
decisões. Princípio assegurado pela Agenda 21, resultado da RIO-92 que aponta para a reorientação da
educação, visando esse novo paradigma de desenvolvimento. Voltada para os problemas prementes de hoje ela
ainda tem o objetivo de preparar o mundo para os desafios do próximo século.
Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que
diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. Países,
organizações nacionais e internacionais devem esforçar-se para garantir o
acesso universal à educação básica e promover a educação ambiental.
Fani Mamede-1997
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