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quarta-feira, 22 de maio de 2013

PROGRAMA NACIONAL DE JUVENTUDE E MEIO AMBIENTE

PROPOSTA

 maio/2013

I INTRODUÇÃO


Segundo o levantamento da Divisão de Estudos da População da Organização das Nações Unidas (ONU), no final de outubro de 2011 a população do planeta Terra atingiu a marca de 7 bilhões de habitantes, sendo 26% de Jovens. Para a ONU, o número de pessoas entre 14 e 24 anos nunca foi tão grande no mundo, são mais de 1 bilhão distribuído pelos continentes. Mais da metade da população mundial tem menos de 25 anos de idade. A maior geração de jovens já registrada na história do planeta se prepara para passar à idade adulta em um mundo cada vez mais desigual e competitivo.

No Brasil, segundo o Censo de 2010 há 51.330.569 jovens (15 a 29 anos). Isso representa ¼ da população brasileira. O desemprego atinge 46,5 % dos jovens. A ocupação da juventude brasileira está representada pelos seguintes dados: 52,7% com empregos com carteira assinada, 3,1% empregados estatutários, 13,8% empregados sem carteira assinada, 13,5% trabalham por conta própria, 0,8% de empregadores, 2,0% não remunerados, 3,0 % do próprio consumo. O levantamento constata que 4,0 % dos jovens não têm renda; 37,5% dos jovens de 15 a 29 anos apresentam renda domiciliar per capita inferior até meio salário mínimo (SM), 27,9% de ½ a 1 SM, 18,9% de 1 a 2 SM,  5,4 % de 2 a 3 SM, 3,6 % de 3 a 5 SM, 2,0% de 5 a 10 SM, 0,5 % de 10 a 20 SM, e apenas 0,2 % com renda acima de 20 SM.

O aquecimento do planeta nas últimas décadas tem sido extremamente rápido em comparação com as mudanças climáticas durante os últimos dois milênios. O reconhecimento da necessidade de integrar as preocupações ambientais às instituições sociais públicas, privadas e ao setor econômico ganhou amplitude na última década, tanto nacional quanto internacional. Os serviços prestados pelos ecossistemas no mundo são fundamentais para o desenvolvimento das nações. No entanto, o esgotamento dos recursos naturais como as florestas, terras agrícolas e bacias hidrográficas, além dos danos decorrentes de poluentes no ar e na água, os padrões atuais de produção e consumo têm impactado de maneira negativa na vida dos jovens de todo o mundo.

É notório o papel central da juventude na transformação dos modelos socioambientais. A participação das novas gerações na promoção da sustentabilidade não deve se restringir a um olhar apenas para o futuro. Recai sobre os jovens de hoje a tarefa inadiável de transformar a dívida que receberam em benefícios para a atual e as futuras gerações. É necessário aproximar cada vez mais os jovens da construção e implementação de políticas públicas, ressaltando todas as suas prioridades e contribuições no debate sobre sustentabilidade. As experiências observadas nas redes de juventude de todo o país demonstram a importância do envolvimento deste segmento da sociedade na busca de novos caminhos para o desenvolvimento sustentável.

A Agenda 21 Global, acordada e assinada por mais de 170 países, traz a temática juventude em 17 de seus 40 capítulos e estabelece as diretrizes, objetivos e atividades a serem seguidas pelos países signatários, incluindo o Brasil, colocando na pauta dos governos a necessidade de melhorias nas condições de vida deste segmento da população, bem como a relevância do diálogo entre gestão governamental e juventude.

Em seus capítulos, a Agenda 21 Global aponta os jovens como camada importante da população mundial, seja por sua situação de vulnerabilidade social, com menos proteção e atenção da sociedade e menos oportunidades de formação e estruturação social; seja por seu papel de destaque como agente promotor da sustentabilidade, geração estratégica para a transformação socioambiental.

A participação da juventude no processo de mobilização para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em 2012, foi fundamental para a articulação de uma agenda de juventude para sociedades sustentáveis, combinando políticas de promoção da autonomia e emancipação dos jovens e uma nova governança mundial pela sustentabilidade. Dentre as propostas apresentadas pelos jovens brasileiros está a reivindicação para que sejam asseguradas políticas públicas de juventude que atendam às reais demandas da população.

II JUSTIFICATIVA


Vivemos em uma crise civilizatória. Se por um lado vemos o modelo de desenvolvimento atual, caracterizado como predatório, injusto e excludente levando a escassez dos recursos naturais, por outro temos o desafio de implementar o paradigma da sustentabilidade que consiste em garantir um desenvolvimento ambientalmente adequado, socialmente justo e economicamente viável, incorporando questões relativas a ética, política e cultura.

Este modelo sustentável, para ser alcançado, exige profundas transformações nos sistemas de gestão e concepção das políticas, visando estratégias que busquem garantir condições de governabilidade compatíveis com um projeto global de sustentabilidade. Os jovens desse novo século, que vivem em um mundo que conjuga um acelerado processo de globalização e múltiplas desigualdades sociais, compartilham uma experiência geracional historicamente inédita; e boa parte da mudança socioambiental, que irá garantir a vida das gerações futuras, depende de mudanças de atitudes da juventude.

O Programa deverá articular, integrar, desenvolver, executar e potencializar ações de formação de jovens, incorporando conteúdos e metodologias que promovam a reflexão, a instrumentalização e a ação para o enfrentamento individual e coletivo da crise socioambiental global, considerando o jovem como sujeito de direitos específicos e singulares que demanda políticas públicas do Estado para se desenvolver plenamente.

III  CONTEXTUALIZAÇÃO


O Ministério da Educação e o Ministério do Meio Ambiente, a partir de 2003, realizaram três edições da Conferência Nacional Infanto-Juvenil que transformaram milhares de escolas de todo País em espaços de mobilização, promovendo o debate entre professores, estudantes e comunidades. Essa iniciativa formou jovens em todas as Unidades Federativas do Brasil que deram origem aos Coletivos Jovens de Meio Ambiente. Em 2010 essa tecnologia social foi compartilhada pelo governo brasileiro, com 56 países por meio do processo da Conferência Internacional Infantojuvenil – Vamos Cuidar do Planeta que envolveu e formou adolescentes e jovens de todo o mundo.

No período de 2003 a 2010 os movimentos de juventude e meio ambiente realizaram cinco edições do Encontro Nacional de Juventude e Meio Ambiente apoiados pelos Ministérios da Educação e Meio Ambiente e a Secretaria Nacional de Juventude. Esses encontros se consolidam como espaço de formação, articulação e fortalecimento dos movimentos de juventude na perspectiva de convergir esforços na perspectiva da sustentabilidade.

Em fevereiro de 2005, o Presidente da República, assinou a Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005, instituindo a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República. A Secretaria é responsável pela articulação e integração de programas e projetos, em âmbito federal, destinados aos jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos.

A mesma lei que instituiu a Secretaria Nacional de Juventude criou o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), composto por 60 membros, sendo 20 do governo federal e 40 da sociedade civil.

A 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude, coordenada pela Secretaria Nacional de Juventude e pelo Conselho Nacional de Juventude, foi realizada em Brasília nos dias 27 a 30 de abril de 2008. O tema meio ambiente foi a 4ª prioridade em um rol de 22 definidas pela plenária da Conferência. A ação prioritária foi “Criar uma Política Nacional de Juventude e Meio Ambiente que inclua o Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente, institucionalizado no PPA (Plano Plurianual), com a participação dos jovens nos processos de construção, execução, avaliação e decisão, bem como da Agenda 21 da juventude que fortaleça os movimentos juvenis no enfrentamento da grave crise ambiental, global e planetária, com a construção de sociedades sustentáveis”.

O tema Juventude também foi o foco de três deliberações na plenária final da III Conferência Nacional do Meio Ambiente, realizada em 2008, Deliberações 33, 83 e 87 do Eixo Temático IV: Educação e Cidadania Ambiental:

“33. Ampliar e fortalecer o Programa 'Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas' e implantar o 'Programa Juventude e Meio Ambiente' nas comunidades escolares, além das tradicionais e indígenas para a formação de público infanto-juvenil para a compreensão e construção de sociedades sustentáveis.”

“83. Garantir nas Secretarias estaduais e municipais de educação em suas respectivas redes de ensino, a formatação do apoio pedagógico e financeiro, cumprindo o dispositivo na Lei 9.795/99, conforme o artigo 4º e todos os seus incisos, art. 17, inciso III, na formação de educadores ambientais populares, por meio da implementação do Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente e do fortalecimento e ampliação do Programa de Coletivos Educadores, os Coletivos Jovens de Meio Ambiente e Com-Vidas (círculos de aprendizagem participativa sobre meio ambiente e qualidade de vida nas escolas e comunidades), e Agenda 21 Escolar, bem como a outros grupos, coletivos e organizações sociais, das instituições de ensino na comunidade, em todo o tecido social, para que sinergizem as ações das instituições de uma base territorial.”

“87. Incentivar, garantir e dar condições à ampla participação dos(as) jovens na construção, execução, avaliação e decisão das políticas de meio ambiente, com a implementação do Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente, institucionalizado no PPA, bem como da Agenda 21 da Juventude, com a participação em colegiados e conferências, Comitês Gestores ou Conselhos da Juventude.”

Na 2ª Conferência Nacional de Juventude, realizada em dezembro de 2011, merece destaque a Proposta 4 do Eixo 2:

“Fortalecer a política nacional de juventude e meio ambiente e criar o programa nacional de juventude e meio ambiente, intersetorializado e institucionalizado no PPA (Plano Plurianual), na LOA (Lei de Orçamento Anual) na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), bem como a agenda 21 da juventude, de modo a fortalecer os movimentos juvenis e a agenda 21 brasileira no enfrentamento das graves crises ambientais, com a participação das juventudes nos processos de construção, execução, avaliação e decisão, sustentada por pesquisas periódicas.”

A realização de todo esse processo legítimo e qualificado de mobilização deu origem aos Coletivos Jovens de Meio Ambiente, hoje em número de 400, aproximadamente. Esses coletivos são grupos informais de jovens e organizações juvenis existentes em todos os estados e diversos municípios brasileiros que se articulam em Rede mobilizados em torno da temática socioambiental.

Contando hoje com 4.600 Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida, a COM-VIDA foi criada a partir da realização da primeira Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente em 2003 se traduz numa nova forma de organização, um espaço permanente e dinâmico, integrado com a comunidade escolar, onde se constrói a Agenda 21 na escola.

Foi criado, em setembro de 2012, o Grupo de Trabalho Interministerial de Juventude e Meio Ambiente, coordenado pela Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República, e composto ainda pelo Ministério da Educação e pelo Ministério do Meio Ambiente.

O GTI Juventude e Meio Ambiente tem como princípios orientadores a participação juvenil em todas as suas etapas e atividades; o respeito às diferentes formas organizativas juvenis; e o diálogo, cooperação e colaboração intergeracional na condução de suas atividades, cujos objetivos foram definir as bases conceituais e metodológicas e planejar a criação da Política e do Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente.

Diante desse histórico, se fez necessária a criação desses marcos legais, com o objetivo de democratizar e potencializar o acesso e a ação da juventude em espaços de construção e monitoramento das políticas de meio ambiente, a partir de uma abordagem temática intrinsecamente relacionada com princípios sustentáveis de sociedade, civilização e desenvolvimento.

O Programa Juventude e Meio Ambiente surge com a finalidade de orientar e potencializar esforços de ordem executiva e financeira em prol de iniciativas do Governo Federal relacionadas com juventude e meio ambiente.

IV  OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS


    Objetivo Geral

Elaborar, articular e fortalecer ações governamentais e não governamentais de juventude e meio ambiente, visando garantir os direitos da juventude brasileira em sua diversidade, como segmento estratégico no processo de construção e consolidação de sociedades sustentáveis e garantindo as condições para o enfrentamento à crise socioambiental, que atinge desigualmente os diversos grupos sociais.

    Objetivos Específicos

1.   Incentivar e promover estudos, pesquisas e extensão universitária sobre juventude e meio ambiente;
2.   Apoiar a produção acadêmica da juventude para as temáticas ambientais;
3.   Estimular processos sustentáveis de produção e práticas de consumo consciente e sustentável;
4.   Valorizar, disseminar e preservar saberes e conhecimentos dos povos e comunidade tradicionais;
5.   Promover a formação do jovem para a sustentabilidade socioambiental;
6.   Fomentar a produção de materiais de referência e didáticos que articulem o diálogo entre conhecimentos científicos e tradicionais;
7.   Estimular e apoiar a produção cultural dos jovens e processos de educomunicação;
8.   Apoiar iniciativas sustentáveis de produção e geração de renda para a juventude por meio da economia popular e solidária, cooperativismo e associativismo;
9.   Fortalecer as ações de saúde e segurança no trabalho para a juventude;
10.       Estruturar a capacitação para o trabalho com resíduos sólidos e as condições de trabalho decente para os jovens catadores;
11.       Garantir condições de trabalho decente no campo e no manuseio de agrotóxicos;
12.       Fomentar a sustentabilidade socioambiental da agricultura familiar favorecendo a transição de base agroecológica, a permanência e a mobilidade da juventude no meio rural;
13.       Fomentar o turismo ecológico e o turismo étnico em base comunitária e apoiar a formação de jovens educadores ambientais;
14.       Fortalecer as práticas de povos e comunidades tradicionais com o apoio de políticas públicas específicas para os jovens dessas populações;
15.       Estimular a gestão sustentável do espaço urbano e incentivar políticas de reforma urbana que promovam a mobilidade e o bem estar da juventude;
16.       Apoiar a implementação da gestão adequada dos resíduos sólidos com a participação da juventude;
17.       Apoiar iniciativas de juventude para a promoção da segurança e soberania alimentar e nutricional;
18.       Inibir e restringir o uso de agrotóxicos e sementes transgênicas visando progressivamente alcançar territórios ambientalmente saudáveis;
19.       Incentivar a democratização do acesso a terra e as políticas de reforma agrária para a juventude rural;
20.       Estimular a implementação do uso de energia vinda de fontes renováveis e sustentáveis que não impactem negativamente as comunidades;
21.       Garantir a gestão sustentável de bacias hidrográficas, aquíferos e ecossistemas costeiros com a participação da juventude;
22.       Promover a gestão territorial adequada da biodiversidade com a participação da juventude;
23.       Garantir a participação das juventudes na implementação de políticas de prevenção e mitigação dos desastres naturais e de convivência com os biomas e seus ciclos;
24.       Garantir a participação da juventude em processos de licenciamento ambiental;
25.       Estimular e fortalecer os movimentos juvenis de meio ambiente e apoiar as ações socioambientais por eles promovidas;
26.       Garantir a participação qualificada e o controle social da juventude nos conselhos e colegiados da área ambiental, inclusive naqueles que tratam de questões relativas à biossegurança;
27.       Fomentar a participação da juventude em fóruns e espaços de cooperação internacional pelo meio ambiente e sustentabilidade;
28.       Estimular a formação de jovens lideranças para atuação na temática socioambiental;
29.        Promover ações de educação de jovens no processo de gestão ambiental pública;
30.       Apoiar e fomentar a criação de programas de juventude e meio ambiente nos níveis estadual e municipal;


V  LINHAS DE AÇÃO

1) Educação ambiental, formação e produção do conhecimento

Esta linha de Ação do Programa deverá se basear nos princípios estabelecidos pela Política Nacional de Educação Ambiental. Fundamentadas na educação integral, e numa educação ambiental crítica e emancipatória, a ações de formação do Programa visam desenvolver, executar e potencializar iniciativas de formação de jovens, incorporando conteúdos e metodologias que promovam a reflexão, a instrumentalização e a ação individual e coletiva para o enfrentamento da crise socioambiental global.

A educação ambiental é uma das dimensões da educação caracterizada pela prática pedagógica intencional, que visa à construção de conhecimentos, ao desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores sociais; ao cuidado com a comunidade, a justiça e a equidade socioambiental; a proteção do meio ambiente natural e construído; e a promoção da responsabilidade cidadã por meio da reciprocidade das relações dos seres humanos entre si e com a natureza. Deve adotar abordagens que considerem a interface entre a natureza, a sociocultura, a produção, o trabalho, o consumo, superando as concepções despolitizadas, acríticas, ingênuas e naturalistas ainda muito presentes na prática pedagógica das instituições de ensino formais e não-formais.

Os estudos e pesquisas em educação ambiental na perspectiva da juventude têm como principal objetivo produzir conhecimentos sobre os processos educativos e conhecimentos pedagógicos para a consolidação da dimensão ambiental na educação a partir da realidade, das visões e das experiências da juventude brasileira. A finalidade básica desses estudos e pesquisas reside na produção ou consolidação de conhecimento sobre a relação da juventude com o meio ambiente a partir de fundamentação teórica, que considere as inovações metodológicas participativas e cooperativas que vêm se consolidando ao longo dos últimos anos no Brasil e no mundo.

A extensão universitária na temática da educação ambiental para a juventude receberá incentivo junto à pesquisa e ao ensino. Enquanto o ensino trata de ministrar o conhecimento formal ou curricular, a extensão como uma das funções sociais de uma universidade, deverá atuar por meio de um conjunto de ações dirigidas à sociedade, indissociavelmente vinculadas ao ensino e à pesquisa, com a finalidade de promover o desenvolvimento do bem-estar físico, espiritual e social, a garantia dos valores democráticos de igualdade de direitos e de participação, o respeito à pessoa e à sustentabilidade das intervenções no ambiente.

A garantia de direitos e participação da juventude deverá também estar assegurada na busca de alternativas que reduzam as pressões sobre o meio ambiente. O Programa deverá conceber e por em prática instrumentos de educomunicação para formar, sensibilizar, mobilizar e engajar a juventude, visando a adoção de novas práticas que estimulem processos e padrões de produção e consumo mais sustentáveis.

Nessa perspectiva o Programa deverá incentivar ações de formação socioambiental voltadas para o conhecimento e a proteção das práticas dos povos e comunidades tradicionais e o reconhecimento da garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos, religiosos e culturais, com respeito e valorização da sua identidade, suas formas de organização e modos de distribuição e consumo da produção. Além de desenvolver ações de socialização desse conhecimento junto à juventude desses povos por meio dos diversos meios disponíveis visando subsidiar projetos e ações na perspectiva da sustentabilidade.

Ainda no processo de formação socioambiental do jovem, no caso específico do meio rural, as práticas em bases agroecológicas devem ser consideradas como alternativas viáveis para a agricultura familiar frente ao modelo convencional de produção. O desenvolvimento e manutenção de unidades de produção agroecológica dependem, em parte, da adaptação e transferência de conhecimentos e de bases tecnológicas apropriadas, bem como da capacitação e organização dos agricultores, de forma a assegurar a sustentação destas unidades no espaço e no tempo. Além disso, a agricultura baseada em práticas e processos agroecológicos pode auxiliar o desenvolvimento rural, principalmente de comunidades de agricultores familiares, em decorrência da baixa dependência por insumos externos, pela alta conservação ambiental que proporciona e pelo aumento de valor agregado ao produto com consequente aumento de renda do agricultor.

Com a crescente necessidade de fortalecimento e qualificação da agricultura familiar a educação se torna um investimento fundamental, considerando que o meio rural apresenta os mais baixos índices de escolaridade de toda a sociedade. A atuação do Programa na perspectiva da superação das desigualdades sociais com a garantia da opção de vida, trabalho e renda no meio rural para a juventude como um direito, estará fundamentado no Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEEAF) que busca suprir a necessidade de formação, capacitação, comunicação e mobilização social dos sujeitos na agricultura familiar.

No que diz respeito a formação socioambiental do jovem em saúde ambiental o Programa deverá fortalecer a criação de nova perspectiva de identificação e caracterização de fatores de risco para a saúde, que foram originados no ambiente, revelando novas maneiras de planejar ações de saneamento ambiental, controle e vigilância sanitária e de serviços de saúde, bem como o monitoramento dos fatores socioambientais que impactam a saúde do trabalhador.

O Programa deverá incentivar e fomentar a produção de materiais de referência e didáticos como instrumento das condições adequadas de ensino. A provisão de condições adequadas de ensino-aprendizagem inclui materiais didático-pedagógicos, recursos tecnológicos e outros meios auxiliares de ensino, que permitem avançar nas formulações teórico-metodológicas que visam à qualidade do processo de ensino aprendizagem. No sentido de encontrar soluções para minimizar limitações funcionais, motoras e sensoriais do jovem com deficiência serão desenvolvidos recursos pedagógicos adaptados a essas situações.

Serão estimulados e adotados processos de educomunicação com o uso de estratégias e produtos de comunicação, como forma de conhecer e compartilhar o conhecimento. Trata-se de um processo educativo por meio da democratização da comunicação e pressupõe o acesso aos meios de produção pelas juventudes, o compartilhamento livre das informações, considerando que o conhecimento, desde a sua produção, é para todos.

O estímulo e apoio à produção cultural do jovem no âmbito deste Programa irão promover a sua reflexão sobre as relações entre expressões culturais e identidade, pluri/interculturalidade e democracia e a importância do acesso à cultura como parte da educação e do processo de formação cidadã.

Dentro desse contexto, o estímulo e apoio ao desenvolvimento de novas mídias e tecnologias socioambientais, ressaltando que a influência das mídias na formação do jovem aprofundou-se ainda mais nos últimos anos com o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação e informação, principalmente a internet.

2) Trabalho decente e sustentável para a juventude

A juventude brasileira se esforça para conciliar trabalho e estudo. As dificuldades para sua concretização estão evidenciadas em função de vários fatores, como longas jornadas de trabalho e desigualdades sociais. É importante investir em políticas públicas e práticas que contribuam para a ampliação das chances de conciliação entre trabalho, estudos e vida familiar. O trabalho decente é compreendido como uma condição fundamental para a superação das desigualdades sociais, a garantia de um país democrático e o desenvolvimento de uma nova relação entre sociedade e natureza.

É fundamental fortalecer as políticas voltadas para a juventude a partir do reconhecimento de que os jovens são sujeitos de direitos e deveres e portadores de necessidades legítimas. A precária inserção no mercado de trabalho, a falta de acesso à educação pública de qualidade, ao trabalho decente e a condições adequadas de moradia e saneamento ambiental expõem grande parte da juventude a uma situação de extrema vulnerabilidade socioambiental, desperdiçando-se a potencial contribuição dos jovens ao desenvolvimento do país.

O apoio a iniciativas de economia solidária terá como foco a geração de novas oportunidades de inserção social pelo trabalho. Trata-se de um movimento que condensa as demandas dos segmentos que pertencem aos estratos mais desestruturados do mundo do trabalho brasileiro. Baseada em valores de ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade e equidade e solidariedade a economia solidária tem uma pauta extensa e diversa que vai da educação ao crédito. São considerados empreendimentos solidários: associações, grupos e cooperativas de distribuição ou serviços; cooperativas, associações e grupos solidários de produção e trabalho; e trabalho comunitário, mutirão e grupos voluntários.

Outra estratégia adotada por este programa será a formação e capacitação no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, com vistas a disseminar conhecimentos que contribuam para melhorar a cadeia da gestão sustentável dos resíduos, disseminar o conhecimento de novas tecnologias e realizar a inclusão socioprodutiva dos jovens catadores de recicláveis, para apoiar uma inserção mais qualificada da juventude no mundo do trabalho.

Questão de tamanha importância se relaciona com os impactos à saúde pública pelo consumo de alimentos contaminados com agrotóxicos que atingem os territórios rurais e urbanos e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores rurais, moradores do entorno de propriedades rurais, além da população consumidora. É preciso promover condições dignas de trabalho no campo e de trabalho seguro no manuseio de agrotóxicos, com orientações para o jovem trabalhar sem risco para a saúde.

Na intenção de restringir o uso desses produtos químicos e na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável, o Programa desenvolverá ações e atividades para a juventude rural de incentivo a formas de trabalho no campo que conduzam para a transição agroecológica que deverá ser planejada de modo que possam ir sendo construídos novos e mais elevados patamares de sustentabilidade econômica, social e ambiental no campo ao mesmo tempo em que se amplia a valorização do conhecimento e da cultura local, com a efetiva participação dos jovens rurais.

Outra alternativa de trabalho decente e sustentável para a juventude, apoiada por este Programa será o turismo ecológico de base comunitária. Trata-se de um meio de interação com a natureza que possibilita a realização de programas diversificados, oriundos do imenso rol de atividades turísticas, que tem se revelado capaz de aliar a vivência em um espaço natural à formação de uma consciência ecológica e à conservação ambiental.

Para os povos e comunidades tradicionais serão fortalecidas as cadeias da sociobiodiversidade e as práticas de enfrentamento da desvalorização cultural da sua identidade. Com relação à problemática específica da juventude rural serão implementadas inciativas pelo Programa que fortaleçam ações que garantam o futuro desses povos e conciliem o conhecimento técnico com o saber local de modo a preparar esses jovens para assumirem funções estratégicas na proteção dos direitos territoriais dos povos e comunidades tradicionais.

Com vistas à garantia de trabalho decente e sustentável para a juventude, o Programa deverá contribuir para a convergência de políticas econômicas e socioambientais que buscam criar soluções de curto e médio prazo para a transformação dos modelos predatórios e exploratórios de produção e consumo, gerando relações socioambientais  cada vez mais sustentáveis.

3) Direito da juventude ao território

Em sua relação com o território a juventude se depara com questões como o desafio da mobilidade, da habitação, do saneamento, proteção do meio ambiente e da interação com as culturas locais. O território, além de espaço físico, configura-se então como lugar social, com suas próprias características e desafios.

Num momento em que grandes investimentos econômicos são feitos por todo o país, torna-se necessário garantir o uso público e democrático do território, reforçando-se medidas de proteção do patrimônio natural e cultural das comunidades impactadas pelos empreendimentos públicos e privados, garantindo a participação social nos processos de licenciamento dos empreendimentos, e garantindo políticas públicas de mobilidade urbana.

Circular e conviver na cidade qualifica a relação dos jovens com outros jovens, outras linguagens, colocando-os em contato com manifestações políticas e culturais que qualificam sentidos e vínculos. O espaço público das cidades é um centro de sociabilidade que, fora dos limites da casa e da escola, permite à juventude exercitar o seu protagonismo. No entanto, esse ambiente, que deveria ser convidativo e acolhedor à juventude, muitas vezes é precário e inacessível.

Nesses problemas espaciais que prejudicam os jovens no seu processo de integração social, é fundamental que ocorra sua maior interação com o planejamento de gestão e de organização das cidades. As políticas públicas urbanas e de urbanização devem garantir a participação direta de seus sujeitos de direitos e a permanência no território dos povos e comunidades tradicionais urbanos, incorporando as demandas e necessidades específicas da juventude.

Na gestão sustentável do espaço urbano o programa irá promover iniciativas que possibilitem o acesso dos jovens à educação, ao trabalho, ao transporte público, à cultura e ao lazer nas cidades brasileiras, de forma descentralizada, com rotas e possibilidades que favoreçam um espaço urbano mais saudável e diverso para os jovens.

Na área rural, a estrutura fundiária altamente concentrada, as taxas elevadas de analfabetismo, três vezes mais elevadas que as das cidades e as condições precárias de trabalho, considerando suas vocações e potencialidades, agravam o quadro das dificuldades enfrentadas pelo jovem no campo, formado pela insuficiência de políticas públicas especificas para o meio rural em relação à saúde, educação, acesso à terra e infraestrutura de produção, crédito rural, cultura, esporte, lazer, dentre outras. Nessas situações, a migração para as cidades não se apresenta como simples escolha, mas como necessidade, frente à falta de oportunidades e dificuldades de sobrevivência pessoal e familiar.

O Programa deverá apoiar ações de democratização de acesso à terra e incentivar as políticas de reforma agrária para a juventude rural. Uma ação integrada a um projeto de desenvolvimento para o campo que estabeleça um novo jeito de produzir, uma nova matriz produtiva e tecnológica, que estimule e desenvolva práticas agroecológicas, que priorize a produção de alimentos saudáveis, a preservação das sementes crioulas, uma produção que respeite e cuide do meio ambiente, na lógica do acesso e uso democrático da terra.

Deverá também fomentar a perspectiva da sustentabilidade socioambiental na agricultura familiar, incentivando práticas agroecológicas direcionando mecanismos da política de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para o jovem rural, com a criação de editais e chamadas para projetos de Ater específicos para a juventude, a garantia de tratamento diferenciado pela Ater oficial e a ampliação do sistema com vistas à manutenção do jovem no campo.

No campo brasileiro as experiências agrícolas sustentáveis significam compatibilizar desenvolvimento econômico, proteção ambiental e justiça social. Na agricultura familiar essas práticas sustentáveis têm demonstrado não só viabilidade técnica, como também resultados econômicos iguais ou superiores aos sistemas químico-mecanizados, mesmo quando não são contabilizados os custos da degradação socioambiental por eles gerados. A dimensão política não pode ser descartada do conceito de sustentabilidade. No que se refere às políticas públicas para a juventude, é preciso que seja perseguida a justa distribuição dos benefícios advindos do uso e conservação da biodiversidade, para que ela seja um bem comum e não apenas privilégios de alguns.

O emergente mercado das energias renováveis tem conquistado cada vez mais protagonismo e adeptos no mundo. O desenvolvimento deste Programa irá estimular na juventude do país o conhecimento e o acesso à energia vinda de fontes renováveis, na perspectiva da sustentabilidade.

Este Programa desenvolverá ações e atividades voltadas para a juventude na prevenção a desastres naturais. Além da intensidade dos fenômenos naturais, o acelerado processo de urbanização das últimas décadas, levou à expansão das cidades muitas vezes em áreas impróprias à ocupação, aumentando as situações de perigo e de risco a desastres naturais. Nesse sentido, torna-se estratégico garantir a proteção e a gestão adequada de bacias hidrográficas, aquíferos e ecossistemas costeiros.

4) Participação social da juventude nas políticas públicas para a sustentabilidade

O direito da juventude à participação não significa somente que esta deve eleger periodicamente aqueles que a representem, mas principalmente que deve intervir em espaços públicos, compartilhar informações, decisões e proposições, tornando-se um agente de transformação social com protagonismo nas políticas públicas e nas condições estruturais de mobilização da sociedade brasileira.

As políticas públicas são de responsabilidade do Estado e objetivam a garantia dos direitos dos cidadãos e cidadãs. A construção, implementação acompanhamento e avaliação dessas políticas devem ser feitas em espaços de participação e controle social que envolva quantitativa e qualitativamente os jovens.

Visando garantir a partilha do poder decisório e o direito da juventude de interferir nas políticas para a sustentabilidade, o Programa tem como um de seus pressupostos fundamentais a necessidade de fortalecimento de mecanismos e instrumentos de democracia participativa. Por meio da participação organizada e qualificada dos jovens, espera-se que aspirações e necessidades da juventude, em sua diversidade e heterogeneidade, possam ser expressas no espaço público.

Promover a participação significa proporcionar espaços para que a juventude possa contribuir em todo o processo de formulação das políticas públicas para a sustentabilidade, isto é, desde a identificação das demandas, elaboração e implementação dessas políticas, até a sua fiscalização, monitoramento e avaliação.

A abertura de espaços de participação se conforma como demanda legítima dos movimentos de juventude, como condição para passarem a interferir em espaços de poder e, portanto, de tomada de decisão e conformação de suas agendas próprias de reivindicação. A premissa da participação social deve estar presente em todas as relações do governo com a sociedade e nesse caso, com a juventude, se conformando como diretriz deste Programa.

O Programa deverá envidar esforços para a criação de espaços de participação do jovem no acompanhamento e na gestão das políticas e programas para o meio ambiente, possibilitando que os jovens levem suas críticas, sugestões e contribuam para o aprimoramento dessas ações.

Para tanto, serão implementadas ações com vistas à formação e capacitação da juventude para a gestão ambiental pública, reforçando o controle social das políticas ambientais e o estímulo ao desenvolvimento do senso crítico e do exercício da cidadania entre os jovens.

Quanto à sua diversidade e representatividade, é necessário incorporar o máximo de jovens e/ou movimentos e entidades que tenham suas ações nacionalmente voltadas para a juventude. Devendo para tanto estimular e fortalecer os movimentos juvenis de meio ambiente; garantir a participação da juventude em processos de licenciamento ambiental; garantir a participação qualificada da juventude nos colegiados da área ambiental; fomentar a participação em fóruns e espaços de cooperação internacional; e promover ações de educação no processo de gestão ambiental pública e controle social.

GTI PR/SG/SNJ, MMA e MEC
Consultora: Fani Mamede

terça-feira, 16 de abril de 2013

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA AGRICULTURA FAMILIAR   NAS ESCOLAS

As oportunidades para a agricultura familiar se apresentam como alternativas de desenvolvimento. É preciso pensar as potencialidades do setor, o que a agricultura traz de bom para o Brasil, de forma mais ampla. Sem dúvida, a agricultura familiar se traduz num modelo de desenvolvimento sustentável para o meio rural. Ressaltando que o grande debate do desenvolvimento rural sustentável deve levar em conta os pilares do desenvolvimento sustentável: o econômico, o social e o ambiental, incluindo também o político e o cultural.

A construção de uma proposta política para o campo na perspectiva do desenvolvimento sustentável deve estar alicerçada na educação. As atividades desenvolvidas no meio rural estão intrinsecamente relacionadas ao uso e a conservação dos recursos naturais, ao meio ambiente. A integração dessas questões e o seu tratamento de forma conjunta e articulada com os diversos agentes sociais, culturais, políticos e econômicos, públicos ou privados, existentes no local constituem um projeto estratégico comum rumo ao desenvolvimento rural sustentável. A educação ambiental para a agricultura familiar nas escolas tem papel fundamental e transformador nesse contexto.

O que caracteriza a Agricultura Familiar no Brasil

Inicialmente é preciso entender a diferença entre a agricultura empresarial ou patronal e a agricultura familiar.

No Brasil são desenvolvidos dois tipos de agricultura, apoiados pelo Estado por meio de duas políticas diferenciadas: a agricultura empresarial ou patronal, dos grandes produtores e exportadora e a agricultura familiar. No primeiro caso, a grande maioria dos agricultores não vive na propriedade e as atividades agrícolas dão mostras de uma modernidade mais acentuada, com intensivo uso da tecnologia, subsidiada por instrumentos de políticas públicas e fortemente apoiada em inovações tecnológicas demandantes de capital.

No segundo caso, diferentemente da agricultura empresarial, a agricultura familiar mostra uma grande aptidão para a gestão dos recursos naturais de modo a manter a biodiversidade. As unidades familiares de produção se caracterizam pela diversificação da produção e pela multifuncionalidade[1] da propriedade. O agricultor familiar vive na terra e dela tira o seu sustento, muitas vezes combinando a atividade agrícola com atividades não agrícolas.

A agricultura familiar é aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento. São os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo, dando ênfase na diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado.

Essa diferenciação diz respeito também à inserção dessas comunidades em paisagens agrárias e agrícolas[2] muito diferentes umas das outras, ao acesso diferenciado aos mercados e à inserção socioeconômica e ambiental desses produtores, resultado tanto das condições inerentes aos vários grupos, como das oportunidades geradas pela economia local. A denominação de agricultura familiar devido a suas características se adequa a todos os grupos, independente das especificidades locais.

A agricultura familiar é uma categoria que engloba diversos sujeitos políticos, envolvendo assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas, pescadores artesanais, marisqueiras, ribeirinhos, extrativistas, seringueiros, moradores de áreas de fundo de pasto, retireiros, torrãozeiros, geraizeiros, catadeiras e quebradeiras de coco, faxinais, vazanteiros, ciganos, pomeranos, pantaneiros, caatingueiros, caiçaras, cabanados e outras populações e comunidades locais, tradicionais ou não, identificadas em todas as regiões brasileiras. Caracterizam-se pelo esforço de produção de bens alimentares, com forte participação do consumo familiar e produtivo, com sistema diversificado de produção.

Pela lei 11.326 de 24/07/2006 são considerados agricultores familiares e suas organizações, desde que atendam, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
- utilizar trabalho familiar, com o apoio de empregados temporários e, no máximo, dois empregados permanentes;
- possuir ou explorar área que não supere 4 módulos fiscais[3];
- residir no imóvel rural ou em vila urbana próxima ao imóvel;
- ter 80% da sua renda corrente proveniente da exploração agropecuária, pesqueira e/ou extrativa.

É importante considerar esse conjunto de fatores, tendo que vista que o agricultor familiar não pode se diferenciar do grande produtor a partir somente do tamanho da propriedade, pois existem propriedades de pequenas dimensões que não são destinadas à produção agrícola, bem como outras que são verdadeiras empresas rurais.

Conhecendo o conceito de agricultor familiar vamos saber um pouco sobre o papel desse produtor no uso e na conservação dos recursos naturais.

A relação da agricultura familiar com o meio ambiente

No mundo, ao longo do tempo, a agricultura nos países desenvolvidos foi estabelecida como política estratégica de desenvolvimento rural, fortalecendo-a em regime de economia familiar e fazendo a reforma agrária (reorganização da estrutura fundiária com o objetivo de promover a distribuição mais justa das terras) também como uma política estratégica para o desenvolvimento da sua população e da sua economia.

Já os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos como o Brasil, decidiram pelo incentivo político e econômico à agricultura empresarial ou patronal, baseada no latifúndio e plantada em larga escala, incentivando, com isso, a monocultura de exportação e o trabalho escravo, cujo regime fortaleceu a concentração de renda e a exclusão social, por se tratar de uma economia voltada para o mercado externo, subordinada e dependente dos países mais desenvolvidos.

No Brasil, a luta pela mudança desse modelo é uma forte bandeira assumida nas pautas dos movimentos sindicais e sociais do campo.

A produção agrícola no mundo é parte integrante da vida de todos os seres humanos. Os sistemas agrícolas sofreram várias alterações ao longo do tempo. Ao contrário do sistema itinerante[4], os sistemas de cultivo permanente se caracterizam pela prática da agricultura ao longo dos anos em um mesmo local.

A busca da sustentabilidade nos sistemas produtivos agropecuários constitui um grande desafio para o país neste novo século. A sustentabilidade implica em redução de custos, produção com produtividade estável e baixo impacto ambiental. É preciso um modelo agrícola no campo brasileiro em que se pratiquem processos produtivos sustentáveis.

A agricultura familiar se afirma como modelo diferenciado na relação da produção com a natureza. Em nosso país, a agricultura familiar se consolida historicamente, como a responsável pela produção dos alimentos que vão à mesa do brasileiro. A criação de programas e políticas públicas internas possibilitou um primeiro passo no sentido da superação do descaso com o modelo de produção familiar e de fortalecimento do campo brasileiro.

Não pode ser desconsiderada a capacidade da agricultura familiar de contribuir na geração de ocupações produtivas, na melhoria das condições de vida dos agricultores familiares e na garantia da segurança alimentar do Brasil.

Educação ambiental para a agricultura familiar na escola

O desenvolvimento de habilidades e competências para uma inserção qualificada no campo com mais conhecimento sobre o meio ambiente que ajude o agricultor e a agricultora familiar a produzir com qualidade e sustentabilidade exige uma escola que impulsione o desenvolvimento rural sustentável.

A escola como importante formadora do meio rural, principalmente por meio da educação do campo, tem papel fundamental na educação ambiental para agricultores e agricultoras familiares. Pensar a educação na relação com o desenvolvimento rural sustentável é levar em conta os aspectos da diversidade, da situação histórica particular de cada comunidade, os recursos disponíveis, as expectativas, os anseios e necessidades e, acima de tudo, os saberes dos que vivem no campo.

A escola é lugar privilegiado para a disseminação e construção deste grande desafio, colocado à educação. Espaço para se pensar na educação ambiental para a agricultura familiar a partir de um processo de reflexão sobre modelos de desenvolvimento rural que sejam sustentáveis, que colaborem para a redução da pobreza, para a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade, para a resolução de problemas e conflitos ambientais, fortalecendo as comunidades que vivem no campo.

A agricultura familiar necessita de uma educação ambiental diferenciada que, baseada em um contexto próprio, a partir da valorização dos saberes dos diferentes sujeitos da aprendizagem, crianças, jovens, terceira idade, homens e mulheres, somados aos saberes técnicos e ambientais, veicule um saber significativo, crítico, historicamente contextualizado, cuja ação reforce um projeto político pedagógico baseado em valores que promovam a transformação no campo brasileiro com produção sustentável e justiça socioambiental.

Vale destacar ainda que a ausência de políticas sociais voltadas para educação, saúde e geração de renda no campo, ao longo do tempo, foi o principal motivador do êxodo rural. A educação ambiental para a agricultura familiar seguramente é um grande atrativo para a juventude rural e consequentemente uma solução para diminuir o êxodo rural, uma vez que com o envelhecimento do campo o jovem herda a propriedade dos pais, e permanecendo no campo irá garantir a reprodução social, cultural e econômica dessa família. O jovem rural qualificado e com habilidades para realizar projetos que possam ser implantados em sua propriedade e que contribuam para o desenvolvimento rural sustentável da sua região estará estimulado a permanecer na produção familiar, de modo a assegurar o processo de sucessão.


A Educação Ambiental e Agricultura Familiar nos programas governamentais

Promover o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e regiões rurais no país é de competência do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). As ações do MDA são executadas por intermédio de vários programas: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater), Programa de Bibliotecas Rurais Arca das Letras, Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa Nacional de Documentação da Mulher Trabalhadora Rural (PNDTR), Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais, Programa de Organização Produtiva de Mulheres Rurais, Programa Nacional da Reforma Agrária. Muitos programas e ações do MDA são também executados por outros órgãos, de forma conjunta, tendo em vista se tratar de ações estruturantes que são fortalecidas nessa parceria.

Já o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) foi criado com gestão conjunta do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Educação. As ações do ProNEA tem o objetivo de “promover processos de educação ambiental voltados para valores humanistas, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação cidadã na construção de sociedades sustentáveis”. O Programa tem como diretriz o exercício da transversalidade, o estímulo ao diálogo interdisciplinar entre as políticas setoriais e visa propiciar a oportunidade de ressaltar o bom exemplo das práticas e experiências exitosas, como a integração entre professores e técnicos ambientais em programas de formação.

Dentre as Linhas de Ação do ProNEA está à criação de interfaces entre educação ambiental e os diversos programas e políticas de governo, nas diferentes áreas, inclusive na agricultura e assentamentos sustentáveis; estímulo às ações de educação ambiental para sociedades sustentáveis, alcançando especialmente as comunidades rurais e colaborando para o desenvolvimento de práticas sustentáveis no campo; e implementação de políticas públicas para o fortalecimento das instituições de educação e formação de jovens e adultos no meio rural, contribuindo para a sustentabilidade da agricultura familiar.

À luz dos marcos referenciais aqui apresentados e em atendimento a reivindicação dos movimentos de agricultores e agricultoras familiares, no Ministério do Meio Ambiente (MMA) é criado o Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF). São objetivos do Programa: Contribuir para o desenvolvimento rural sustentável; apoiar a regularização ambiental das propriedades rurais do país, no âmbito da agricultura familiar; fomentar processos educacionais críticos e participativos que promovam a formação, capacitação, comunicação e mobilização social; promover a agroecologia e as práticas produtivas sustentáveis. São públicos do PEAAF: Agricultores e agricultoras familiares, jovens, adultos e idosos; assentados e acampados da reforma agrária; comunidades tradicionais, extrativistas e pescadores; membros de sindicatos, cooperativas e organizações; movimentos sociais do campo; agentes de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural); professores e estudantes de instituições de ensino superior e educação básica; e membros de conselhos, comissões e colegiados públicos.

O Ministério da Educação (MEC) estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental que tem dentre os seus objetivos: promover os conhecimentos dos diversos grupos sociais formativos do País que utilizam e preservam a biodiversidade. Reconhece ainda que o papel transformador e emancipatório da educação ambiental se torna cada vez mais visível diante do atual contexto nacional e mundial em que a preocupação com as mudanças climáticas, a degradação da natureza, a redução da biodiversidade, os riscos socioambientais locais e globais, as necessidades planetárias se evidencia na prática social. Estabelece que a inserção dos conhecimentos concernentes à educação ambiental nos currículos da educação básica e da educação superior deve ocorrer e contribuir para o reconhecimento da “importância dos aspectos constituintes e determinantes da dinâmica da natureza, contextualizando os conhecimentos a partir da paisagem, da bacia hidrográfica, do bioma, do clima, dos processos geológicos, das ações antrópicas e suas interações sociais e políticas, analisando os diferentes recortes territoriais, cujas riquezas e potencialidades, usos e problemas devem ser identificados e compreendidos segundo a gênese e a dinâmica da natureza e das alterações provocadas pela sociedade.” E ainda, que os sistemas de ensino devem propiciar às instituições educacionais “meios para o estabelecimento de diálogo e parceria com a comunidade, visando à produção de conhecimentos sobre condições e alternativas socioambientais locais e regionais e à intervenção para a qualificação da vida e da convivência saudável”.


Educação Ambiental e Agricultura Familiar parceria para a transformação do campo

O resultado do Censo Agropecuário do IBGE de 2006 reforça o que o Estado e parte da sociedade já sabiam: a agricultura familiar é uma alternativa concreta na construção de um projeto de desenvolvimentos sustentável, representa a imensa maioria dos agricultores do Brasil. Mas, o Estado e a sociedade não podem deixar de considerar que o setor necessita de um sistema integrado de apoio, pois 37% dos que trabalham na agricultura nunca tiveram acesso à escola e 42% não concluíram o ensino fundamental. Triste cenário.

O caminho para a modificação desse triste quadro passa necessariamente pela educação. Leve-se em conta também a inadequação da educação formal para o meio rural, que, na maioria das vezes, não corresponde às reais necessidades da agricultura, orientado e enfocado no meio urbano. Neste sentido é fundamental que se possa fazer um processo de escolarização a partir da realidade do campo e da necessidade da juventude rural que estimule a valorização do meio rural e sua permanência nele na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável.

Em relação às diversas atividades de educação ambiental que podem ser realizadas no meio rural, dentro ou fora da escola, é preciso ter em mente que os alunos devem atuar como multiplicadores ambientais. Além de contribuir com a conscientização ambiental desse público, é importante que a escola proporcione às crianças e ao adolescentes um contato direto com as atividades práticas de conservação e recuperação dos recursos naturais da região.

Um tema que ganha a cada dia maior relevância na agenda de governos, das empresas e da sociedade como um todo diz respeito às mudanças climáticas que o planeta Terra vem sofrendo. No caso da agricultura familiar, a educação ambiental deve considerar que no enfrentamento das mudanças climáticas ou mesmo no processo de adaptação a essas mudanças, as alternativas econômicas incluem a compreensão de técnicas da agroecologia como elemento transformador da produção e organização social.

A agroecologia busca sistematizar todos os esforços em produzir um modelo tecnológico abrangente, que seja socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável; um modelo que seja uma nova forma de relacionamento com a natureza e a promoção da justiça e da solidariedade como valores indispensáveis e indissociáveis.

Na elaboração das propostas curriculares e metodológicas na escola, orientadores e professores devem ter como eixo epistemológico, assegurar a manutenção e/ou o aumento da biodiversidade nos ecossistemas e a formação do cidadão como agente transformador na construção de sociedades sustentáveis.

É possível citar algumas estratégias educativas que além de proporcionar o conhecimento aos alunos, contribuam como alternativas concretas para a ampliação da renda familiar, sempre fundamentas em um conceito ou elaboração de questões sobre educação ambiental. Alguns exemplos práticos[5], dentre outros:

·      O cultivo de plantas medicinais na agricultura, com enfoque no conhecimento destas plantas e seus usos.
·      Energias renováveis, com enfoque nas fontes de energias tiradas da natureza que possuem a característica de se renovar.
·      Implantação de sistemas agroflorestais, enfocando a importância e os impactos positivos ao meio ambiente com a interação e a recuperação de áreas e das espécies florestais ao longo do tempo e no território da propriedade rural.
·      Segurança alimentar e nutricional sustentável, abordando os programas e políticas públicas de compra direta de alimentos e a alimentação escolar, bem como as tecnologias e biotecnologias para a criação de hortas e cozinhas ecológicas e sustentáveis.
·      Bioenergia, dando ênfase aos métodos bioenergéticos, partindo do princípio da qualidade de vida.
·      Novas técnicas e manejo na criação de bovinos, abordando as estratégias mais sustentáveis para a criação.
·      Técnicas e estratégias de fruticultura, no contexto regional.
·      Abordagens ecológicas e alternativas para o aproveitamento e reuso da água.
·      Métodos diferenciados de irrigação, com alternativas ecológicas de reaproveitamento e uso de materiais reciclados.
·      Produção de hortaliças, com enfoque nas estratégias de baixo custo.
·      Introdução aos sistemas de plantio em espaços e arquitetura diferenciada, com técnicas de aproveitamento de espaço e economia de água.
·      Produção de sementes frutíferas e hortaliças para produção e sementes nativas para a recomposição de paisagens.
·      Manejo ecológico dos solos, abordando estratégias de uso e ocupação dos solos de forma correta e menos impactante.
·      Utilização de fontes de fertilização natural, com ênfase na aplicabilidade e na lavoura.
·      Adubos orgânicos, enfocando o conhecimento e a sua utilização.
·      Estratégias e técnicas de higienização.
·      Técnicas adequadas de compostagem.

A educação ambiental nesse contexto e as contribuições das famílias rurais na conservação do meio ambiente dependem sobremaneira da adoção de práticas de produção com maior sustentabilidade ambiental e social. Esse é o grande eixo de atuação da educação ambiental na agricultura familiar: Promover a sustentabilidade da propriedade rural e a transformação do campo brasileiro, fundamentada em propostas agroecológicas que levem a mudança do padrão de produção com qualidade de vida e total harmonia com o meio ambiente.

 Fani Mamede. 2013
(Revista TV Escola)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

-      MAMEDE, Fani. A Agricultura Familiar Alimentando o Brasil. Belo Horizonte: Editora RHJ Livros, 2012.
-      BATATA, Carlos. Agricultura familiar: fundamental para o desenvolvimento rural. In: MORELLI, Dom Mauro et alAgricultura familiar. Caderno de Estudo. Brasília: INESC, 2003.
-      BENJAMI, César; CALDART, Roseli Salete. Projeto popular e escolas do campo: por uma educação básica do campo. Brasília: Articulação Nacional por uma educação Básica do Campo, 2000. (Coleção Por uma Educação Básica do Campo, n. 3).
-      BRASIL. Ministério da EducaçãoFundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Programa Nacional de Alimentação Escolar. Alimentação Escolar e Agricultura Familiar. Disponível em: <http://cecaneunb.files.wordpress.com/2010/09/agriculturafamiliar-e-alimentacao-escolar-fnde1.pdf>. Acesso em: ago. 2012.
-      Ministério do Desenvolvimento Agrário. Núcleo de Estudos Agrários e de Desenvolvimento (NEAD). José Graziano, Jean Marc e Bianchini debatem: o Brasil Rural precisa de uma Estratégia de Desenvolvimento. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário/Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável/Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, 2001.
-      Ministério do Desenvolvimento Agrário. Agricultura Familiar no Brasil e o Censo 2006. Disponível em: <http://sistemas.mda.gov.br/arquivos/2246122356.pdf>. Acesso em: jul. 2012.
-      CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (Contag). Programa Jovem Saber. Juventude e Organização da Produção. Cartilha do 3º Módulo. Convênio: CONTAG/GTZ, abr. 2005.
-      MAMEDE, Fani. A Importância da Biodiversidade para a Atividade Rural. Espírito Santo: Instituto Raízes da Terra, 2006.
-      MAMEDE, Fani (Coord.) et alBuscando as Raízes: Agricultura Familiar e Reforma Agrária. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Caderno de Capacitação, n.1. Brasília: MDA-PRONAF, 2002.
-      Ministério do Desenvolvimento Agrário. Desenvolvimento Rural Sustentável e Cidadania. Cartilha do 1º Módulo. 2. ed. Programa Jovem Saber. Convênio: CONTAG/SDT-MDA, out. 2005.
-      Ministério do Desenvolvimento Agrário. Juventude, Reforma Agrária e Agricultura Familiar. Programa Jovem Saber. Cartilha do 2º Módulo.  2. ed. Convênio: CONTAG/SDT-MDA, mai. 2006.
-      Ministério do Desenvolvimento Agrário. Plantando um Sonho: Sustentabilidade, gestão social e planejamento. Caderno de Capacitação, n. 2. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Brasília: MDA-PRONAF, 2002.
-      Ministério do Desenvolvimento Agrário. Tecendo a Rede: Políticas públicas e participação social. Caderno de Capacitação, n. 3.  Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Brasília: MDA-PRONAF, 2002.
-      MAMEDE, Fani; NEVES, Luiz Carlos Baeta. Ações do Ministério do Desenvolvimento Agrário para a Conservação da Biodiversidade. Brasília: MDA-PRONAF, 2006.

Sites Consultados no período de 16 a 21 em fevereiro de 2013:






[1] O conceito de multifuncionalidade na agricultura está na Declaration of Agricultural Ministers Committee da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD) de 1998: “Além de sua função primária de produção de fibras e alimentos, a atividade agrícola pode também moldar a paisagem, prover benefícios ambientais tais como conservação dos solos, gestão sustentável dos recursos naturais renováveis e preservação da biodiversidade e contribuir para a viabilidade socioeconômica em várias áreas rurais. Agricultura é multifuncional quando tem uma ou várias funções adicionadas ao seu papel primário de produção de fibras e alimentos”.
[2] Diferença entre agrícola e agrária: A questão agrícola diz respeito aos aspectos ligados às mudanças da produção em si mesma: o que se produz, onde se produz e quanto se produz. A questão agrária está ligada às transformações nas relações sociais e trabalhistas da produção: como se produz, de que forma se produz.
[3] O módulo fiscal corresponde à área de terra necessária e suficiente para uma família de agricultores produzir e se desenvolver. O tamanho dessa área varia de um município para outro em função da qualidade das terras, da sua localização geográfica, da proximidade e acesso aos mercados e dos sistemas de produção predominantes.
[4] Sistema itinerante: A agricultura itinerante ou pousio é um tipo de prática adotada em um sistema agrícola tradicional, em que o agricultor prepara a terra para o cultivo, produzindo durante alguns anos o seu alimento (aproximadamente 3 ou 4 anos). Posteriormente ele abandona a terra que se tornou improdutiva e passa a ocupar novas áreas e assim por diante. A área abandonada, com o passar do tempo, é coberta pela vegetação secundária, e após uma ou duas décadas ela poderá ser novamente utilizada para o cultivo. Na Amazônia, os indígenas ainda praticam a agricultura itinerante com algumas culturas.
[5] Exemplos com contribuição de trabalho publicado por Reis, C. F. Dos, et al. / Educação ambiental na agricultura familiar. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 8, n. 1, p. 299-308, jan. /mar . 2011.